Num post anterior, Sólidos Platônicos, usamos a famosa relação de Euler para poliedros, que é dada por:
V - E + F = 2,
onde V é o número de vértices de um poliedro convexo, E é o número de arestas e F é o número de faces.
A relação de Euler para poliedros é equivalente a relação de Euler para grafos planares conexos. Afinal, existe uma maneira natural de levar uma instância do primeiro problema para uma instância do segundo: sobre uma face do poliedro, "abra" o poliedro de modo que todas as faces esteja sobre um plano. Iremos prová-la para grafos planares conexos.
Dado um grafo planar, isto é, um grafo desenhado sobre o plano e sem interseções entre arestas, chamamos de faces internas aquelas regiões internas limitadas pelas arestas do grafo que formam um ciclo. A face externa é a (única) região ilimitada. No que segue, consideramos como face tanto a interna quanto a externa.
Teorema (da relação de Euler). Se G é um grafo planar conexo com n vértices, m arestas e f faces, então vale que n - m + f = 2.
Demonstração. Provemos por indução em f. Se f=1, então G é uma árvore e temos que m = n-1. Daí, a relação é verificada neste caso.
Suponha que f >1 e que para todo grafo conexo com f-1 faces a relação seja verdadeira. Como G contém pelo menos duas faces, G não é uma árvore, logo G contém um ciclo. Remova uma aresta deste ciclo. O grafo resultante ainda será conexo e terá o mesmo número de vértices, mas tanto o número de arestas quanto o número de faces diminuirá em uma unidade. Logo, podemos aplicar a hipótese de indução, de modo que temos
n - (m-1) - (f-1) = 2.
Portanto, a relação de Euler vale para o grafo original também. Isto completa a prova.
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